Na realidade as duas cidades do título nao sao tao parecidas, porém, comparando as diferenças de costumes dos lugares, essa capital,pertencente a província de mesmo nome, me fez de certa forma me sentir em casa, ou quase.
Pero bueno, antes preciso relatar de forma rápida como cheguei a esse lugar, começando de onde parei na última postagem, ou seja, o pedágio Vitória-Rosário e os 'companheiros' de piquete da Sutracovi
Após terminada a manifestaçao, já na tarde de quarta-feira, alguns manifestantes filiados a Sutracovi que eram de outra praça de pedágio me levaram com eles na volta para casa, uns 60 km em direçao a Córdoba, até uma outra praça de pedágio onde seria mais fácil achar alguém que tivesse o mesmo destino que eu. Entretanto 'mais fácil' nao necessáriamente significa 'fácil' e nesse pedágio tremi de frio até o princípio da noite. Graças a ajuda de uma atendente do pedágio, porém, um caminhoneiro parou e me levou até Río Primero, pequeno povoado a 50km de Córdoba. Viagem muito longa e cansativa, com o caminhao a nao mais do que 70 km/h levou uma eternidade para chegarmos ao nosso destino e ali chegamos por volta de meia noite e meia. Congelando de frio, extremamente cansado e resignado, decidi buscar um hotel, e pela incrível lei de Murph, na primeira vez que procurei abrigo pago em um lugar, nao haviam vagas. Um pouco consternado com a falsa impressao - verao a seguir - de falta de sorte, caminhei aleatoriamente pela fria cidade durante sua serena noite de outono até encontrar, enfim, uma luz acesa - um kiosco, comércio que se assemelha a um mercadinho no Brasil, que por sorte era 24 horas.
Imaginem a cena: Um mochileiro, com uma mochila de 75 litros nas costas, com uma de 35 litros no peito e com um violao no ombro, tremendo de frio, entra em uma pequena venda, onde estavam 4 pessoas do pequeno povoado com nao mais de 5 mil habitantes, perto das 2h da madrugada.
Os 4 entao se calaram me olharam, se entreolharam, e entao, com forte sotaque Cordobês, responderam ao meu cumprimento e com tato comecei a conversar com todos, conversa essa que se estendeu por um bom tempo. Um deles era um rapaz de uns 30 anos que junto com seu irmao era o dono do kiosco, e me disse, após eu afirmar que meu destino era Córdoba e nao a pequena cidade, e que nao continuaria a viagem naquele dia pois viajava de carona e era praticamente impossível que me levantassem a noite, que ele mesmo iria na manha seguinte a capital resolver uns assuntos particulares e me levaria se fosse do meu interesse. Rapidamente acertamos detalhes, ele se foi dormir e eu fiquei protegido do frio no kiosco, já descrente da falta de sorte. Na manha do dia seguinte finalmente cheguei a segunda maior cidade da Argentina, Córdoba, com seus cerca de 3 milhoes de habitantes e finalmente, fato que ha tempos nao ocorria, vi muita gente e movimento de verdade nas ruas.
Na primeira noite fiquei na casa de um rapaz de minha idade, professor de tango, que logo se animou com meu conhecimento em danças brasileiras e me apresentou pessoas, entre essas, Grillo, dono do Yoruba Dance Company. Aqui enfim chegamos a segunda parte do título da última postagem, lugar esse que foi o motivo da minha larga permanência em Córdoba. Eu, Pablo, Anahí, professora de ritmos brasileiros da escola e Grillo armamos rapidamente um workshop de Samba de Gafieira e Zouk para a sexta-feira seguinte, significando que ficaria muito tempo na cidade.
Enquanto eles se preocupavam em fazer a publicidade eu relaxaca, conhecia a cidade e preparava Anahí para me ajudar nas aulas. Foram 10 dias em Córdoba, dividindo os dias em maravilhosos, normais, entediantes e interessantes.
Já no segundo dia me mudei de casa. Me hospedei na casa de Ricardo, um advogado que trabalha de juiz numa cidade a 50km de Córdoba. Um belo apartamento, extremamente organizado. Completamentes diferentes, mas tendo em vista o grande respeito das duas partes a opiniao alheia, essa diferença, ao invés de se tornar um problema, se tornou motivo de grandes conversas e indagaçao e isso muito me alegrou. Ter a possibilidade de conhecer idéias e ideais distintos, pontos de vista de um outro país, outras formas de se viver, compartilhar a paixao de viajar, vividas de formas tao diferentes pelos dois interlocutores e outros mil assuntos mais, desde ocultismo até direito internacional, nao podendo deixar de citar a música, paixao também dividida pelas duas partes, tornaram partes dos dias nesta cidade interessantes.
Porém outra parte nao foi tao boa. A impossibilidade de gastar dinheiro e o excesso de tempo livre tornaram parte dos dias extremamente entediantes, e permiti que isso me prejudicasse. Confesso que poderia ter conehcido mais da cidade, entretanto estava cansado, no momento, de monumentos e praças, e se nao fosse para conhecer a vida cotidiana das pessoas da regiao, nao saia de casa, passando assim muitos momentos em casa, assistindo, por exemplo Caminho das Indias dublado em espanhol, aqui chamado de "India, Uma História de Amor". Incrédulo, ficava rindo sozinho a todo instante: é pior que novelas mexicanas dubladas em português.
Nao posso, todavia, apenas reclamar. Fui a baladas, teatros e milongas - bailes onde se dançam 3 estilos típicos argentinos: tango, milonga e vals - e o melhor, todos de graça. Dancei salsa em baladas até a exaustao, dancei tangos e milongas na Plaza San Martin, assisti a espetáculos impressionantes em lindos teatros, visitei igrejas e museus. Tudo isso tornou grande parte dos dias maravilhosamente agradáveis.
Creio que nao necessito falar sobre a normalidade dos dias normais.
Bom, sexta-feira enfim chegou, dei as aulas, fiz algum dinheiro, porém me enrolei para ir embora e fiquei até domingo de manha em Córdoba. Na própria sexta fui novamente a uma salsa onde me acabei de dançar novamente, e no sábado nao fiz nada de útil. Ao menos tive muita sorte na hora de sair da cidade. Ricardo me levou até a Ruta 9 que leva direto a Rosário, que era meu objetivo no momento e em menos de 10 minutos parou um carro que ia para Buenos Aires, ou seja, fiz os 400 km que separam as duas cidades somente com uma carona.
Agora estou num hostel em Rosário. Pela primeira vez na viagem gastando dinheiro com estadia, mas logo parto para Buenos Aires e enfim buscarei de fato um trabalho, torçam por mim!
Rosário é uma cidade linda e agradável, mas conto como foi por aqui na próxima postagem!! (Isso tá virando novela, rs!!!)
Um grande abraço a todos e muito obrigado pela força que têm me dado!
Andejo
Pero bueno, antes preciso relatar de forma rápida como cheguei a esse lugar, começando de onde parei na última postagem, ou seja, o pedágio Vitória-Rosário e os 'companheiros' de piquete da Sutracovi
Após terminada a manifestaçao, já na tarde de quarta-feira, alguns manifestantes filiados a Sutracovi que eram de outra praça de pedágio me levaram com eles na volta para casa, uns 60 km em direçao a Córdoba, até uma outra praça de pedágio onde seria mais fácil achar alguém que tivesse o mesmo destino que eu. Entretanto 'mais fácil' nao necessáriamente significa 'fácil' e nesse pedágio tremi de frio até o princípio da noite. Graças a ajuda de uma atendente do pedágio, porém, um caminhoneiro parou e me levou até Río Primero, pequeno povoado a 50km de Córdoba. Viagem muito longa e cansativa, com o caminhao a nao mais do que 70 km/h levou uma eternidade para chegarmos ao nosso destino e ali chegamos por volta de meia noite e meia. Congelando de frio, extremamente cansado e resignado, decidi buscar um hotel, e pela incrível lei de Murph, na primeira vez que procurei abrigo pago em um lugar, nao haviam vagas. Um pouco consternado com a falsa impressao - verao a seguir - de falta de sorte, caminhei aleatoriamente pela fria cidade durante sua serena noite de outono até encontrar, enfim, uma luz acesa - um kiosco, comércio que se assemelha a um mercadinho no Brasil, que por sorte era 24 horas.
Imaginem a cena: Um mochileiro, com uma mochila de 75 litros nas costas, com uma de 35 litros no peito e com um violao no ombro, tremendo de frio, entra em uma pequena venda, onde estavam 4 pessoas do pequeno povoado com nao mais de 5 mil habitantes, perto das 2h da madrugada.
Os 4 entao se calaram me olharam, se entreolharam, e entao, com forte sotaque Cordobês, responderam ao meu cumprimento e com tato comecei a conversar com todos, conversa essa que se estendeu por um bom tempo. Um deles era um rapaz de uns 30 anos que junto com seu irmao era o dono do kiosco, e me disse, após eu afirmar que meu destino era Córdoba e nao a pequena cidade, e que nao continuaria a viagem naquele dia pois viajava de carona e era praticamente impossível que me levantassem a noite, que ele mesmo iria na manha seguinte a capital resolver uns assuntos particulares e me levaria se fosse do meu interesse. Rapidamente acertamos detalhes, ele se foi dormir e eu fiquei protegido do frio no kiosco, já descrente da falta de sorte. Na manha do dia seguinte finalmente cheguei a segunda maior cidade da Argentina, Córdoba, com seus cerca de 3 milhoes de habitantes e finalmente, fato que ha tempos nao ocorria, vi muita gente e movimento de verdade nas ruas.
Na primeira noite fiquei na casa de um rapaz de minha idade, professor de tango, que logo se animou com meu conhecimento em danças brasileiras e me apresentou pessoas, entre essas, Grillo, dono do Yoruba Dance Company. Aqui enfim chegamos a segunda parte do título da última postagem, lugar esse que foi o motivo da minha larga permanência em Córdoba. Eu, Pablo, Anahí, professora de ritmos brasileiros da escola e Grillo armamos rapidamente um workshop de Samba de Gafieira e Zouk para a sexta-feira seguinte, significando que ficaria muito tempo na cidade.
Enquanto eles se preocupavam em fazer a publicidade eu relaxaca, conhecia a cidade e preparava Anahí para me ajudar nas aulas. Foram 10 dias em Córdoba, dividindo os dias em maravilhosos, normais, entediantes e interessantes.
Já no segundo dia me mudei de casa. Me hospedei na casa de Ricardo, um advogado que trabalha de juiz numa cidade a 50km de Córdoba. Um belo apartamento, extremamente organizado. Completamentes diferentes, mas tendo em vista o grande respeito das duas partes a opiniao alheia, essa diferença, ao invés de se tornar um problema, se tornou motivo de grandes conversas e indagaçao e isso muito me alegrou. Ter a possibilidade de conhecer idéias e ideais distintos, pontos de vista de um outro país, outras formas de se viver, compartilhar a paixao de viajar, vividas de formas tao diferentes pelos dois interlocutores e outros mil assuntos mais, desde ocultismo até direito internacional, nao podendo deixar de citar a música, paixao também dividida pelas duas partes, tornaram partes dos dias nesta cidade interessantes.
Porém outra parte nao foi tao boa. A impossibilidade de gastar dinheiro e o excesso de tempo livre tornaram parte dos dias extremamente entediantes, e permiti que isso me prejudicasse. Confesso que poderia ter conehcido mais da cidade, entretanto estava cansado, no momento, de monumentos e praças, e se nao fosse para conhecer a vida cotidiana das pessoas da regiao, nao saia de casa, passando assim muitos momentos em casa, assistindo, por exemplo Caminho das Indias dublado em espanhol, aqui chamado de "India, Uma História de Amor". Incrédulo, ficava rindo sozinho a todo instante: é pior que novelas mexicanas dubladas em português.
Nao posso, todavia, apenas reclamar. Fui a baladas, teatros e milongas - bailes onde se dançam 3 estilos típicos argentinos: tango, milonga e vals - e o melhor, todos de graça. Dancei salsa em baladas até a exaustao, dancei tangos e milongas na Plaza San Martin, assisti a espetáculos impressionantes em lindos teatros, visitei igrejas e museus. Tudo isso tornou grande parte dos dias maravilhosamente agradáveis.
Creio que nao necessito falar sobre a normalidade dos dias normais.
Bom, sexta-feira enfim chegou, dei as aulas, fiz algum dinheiro, porém me enrolei para ir embora e fiquei até domingo de manha em Córdoba. Na própria sexta fui novamente a uma salsa onde me acabei de dançar novamente, e no sábado nao fiz nada de útil. Ao menos tive muita sorte na hora de sair da cidade. Ricardo me levou até a Ruta 9 que leva direto a Rosário, que era meu objetivo no momento e em menos de 10 minutos parou um carro que ia para Buenos Aires, ou seja, fiz os 400 km que separam as duas cidades somente com uma carona.
Agora estou num hostel em Rosário. Pela primeira vez na viagem gastando dinheiro com estadia, mas logo parto para Buenos Aires e enfim buscarei de fato um trabalho, torçam por mim!
Rosário é uma cidade linda e agradável, mas conto como foi por aqui na próxima postagem!! (Isso tá virando novela, rs!!!)
Um grande abraço a todos e muito obrigado pela força que têm me dado!
Andejo
Conquistou mais uma leitora para seu blog!
ResponderExcluirSou amiga do Vinicius q mora em Cascavel.
Boa viagem pra ti! E boa sorte em Buenos Aires.
;)
Fala meu garoto, tudo tranquilo?? Tenho contatos em Buenos Aires, posso ver se consigo algo para vc. O que acha?? Me responde no email, vinicuritiba@hotmail.com.
ResponderExcluirVlw, suerte. ahuahua
Abrassss