O Andejo Vadio: dezembro 2010
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"I always wonder why birds choose to stay in the same place when they can fly anywhere on the Earth. Then I ask myself the same question."
(Harun Yahya)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Demente, Lag, Guto e Paquito!



Enfim a tão esperada formatura, motivo de longa espera, aconteceu! E mais uma turma de aviadores militares foi entregue à Força Aérea Brasileira; entre eles Cezar, vulgo Lag, o mais emotivo estóico que conheço, rs. E, não diferente de sua primeira formatura na já distante EPCAr, essa foi recheada de confusão.

Tudo começou na manhã de quinta-feira, 09/12, quando tinha tudo quase pronto para viajar à Pirassununga, terra que abriga a Academia da Força Aérea e também terra de origem da famosa Cachaça 51. Entretanto, em conversa com outro amigo que iria de Curitiba para a formatura, decidi que o esperaria. Ele viria de avião até São Paulo e iria de ônibus até Pirassununga. Seu vôo chegaria em São Paulo, ou melhor, Garulhos, por volta das 18 horas e nosso ônibus sairia do Terminal Rodoviário do Tietê às 21h40min. Perfeito. Saí de casa por volta das 19h, com tempo de sobra, imaginava eu, afinal iria em direção contrária ao fluxo vespertino. Planejava chegar cedo, comprar as passagens e esperar por meu amigo que vinha acompanhado de sua namorada, já pronto para embarcar. Doce ilusão!

Contrastando com o ônibus praticamente vazio, com 80% dos assentos desocupados, as vias paulistanas estavam lotadas e praticamente não se mexiam. O largo período de tempo destinado ao deslocamento até a rodoviária foi se estreitando aos poucos até me sentir sufocado e enfim, quando faltavam duas quadras para trocar o lento ônibus pelo rápido metrô, um fiscal de trânsito improvisou um desvio por conta da queda de um fio de energia, afastando-me de meu objetivo. E mais congestionamento. Desci do ônibus ali mesmo e corri como pude, golpeando a todos com minha mala de caixeiro viajante até a estação de metrô mais próxima. Desci como uma bala as escadas e tive que segurar as portas do metrô para que não se fechassem antes que eu pudesse entrar. Sensação de impotência, já eram 21h20min! Por que diabos o maquinista não percebia minha pressa e pulava umas estações?? O telefone toca, 21h25min, e meu amigo Guto avisa que acaba de chegar ao destino; eu aviso que estou a caminho, peço para ele comprar nossas passagens. 21h28min: Guto avisa que só tem 2 passagens; falo para ele comprar e embarcar, porém decidimos verificar o preço do aluguel de um carro, talvez não saísse muito mais caro, visto que dividiríamos em 3. Sim, era caro. 21h33min: Guto vai comprar as últimas passagens enquanto pergunta ao Lag o início da formatura no dia seguinte para saber se eu chegaria a tempo caso pegasse o primeiro ônibus da manhã; não, não daria. 21h35min: Acabaram as duas últimas passagens. 21h40min: Cheguei.

Sem alternativas em mente decidimos alugar o carro mesmo saindo mais caro, afinal havíamos esperado muito por essa formatura e não a perderíamos por nada. Porém decidimos comer algo antes de ir rumo à Pirassununga. Nesse meio tempo entrei em contato com minha mãe e ela sugeriu que fôssemos a alguma cidade mais próxima de nosso destino final de ônibus mesmo. Lembrei que tinha parentes na região e corri para descobrir se conseguiria passagens para Araras, Araraquara ou Piracicaba. Havia somente para Piracicaba, às 23h00. Porém, como descobrir se haveria um ônibus entre Pira e Pira que nos levasse a tempo? Descobrimos que sim após ligarmos novamente para o Lag, e compramos as passagens para Piracicaba faltando 5 minutos para o ônibus sair. Enfim embarcamos e após alguns contatos descobri que um primo iria nos buscar cerca da 1 e meia da manhã na rodoviária da cidade que possui o sotaque mais arrastado que conheço.

Dito e feito. Júnior, meu primo, buscou-nos e nos levou para comer em um barzinho e depois ao apartamento de sua irmã, minha prima Sheila, que estava viajando e por lá mesmo dormimos. Acordamos pouco tempo depois e tomamos o ônibus das 6h pra Pirassununga. Lá pela oito chegamos e o pai do Lag foi nos buscar. Só deu tempo de um banho e fomos direto pra cerimônia de formatura, e que formatura.

Quando chegamos já estavam o primeiro, o segundo e o terceiro ano em forma, de baixo de um sol escaldante, impecavelmente alinhados com suas fardas quentes, e não demorou muito para que alguns cadetes começassem a cair desmaiados. Porém esse foi apenas um detalhe. Após entrada triunfal dos formandos, marchando e cantando em alto e bom tom seu grito de guerra, seguiu-se a cerimônia com a presença do Ministro de Estado da Defesa, o exmo. sr. Nélson Jobim e das altas cúpulas do Exército, da Marinha e principalmente da Força Aérea. Durante todo o tempo, dezenas de aviões de instrução militar voavam em formações distintas acima de nossas cabeças, e foi assim enquanto os formandos recebiam suas espadas e também quando finalmente jogaram para cima seus quepes, tirando um grande peso de seus ombros. O Gran Finale aconteceu com uma demonstração magnífica da esquadrilha da fumaça. Inúmeras manobras individuais e coletivas, fazendo figuras com a fumaça característica desse grupo. Um momento emocionante foi quando escreveram no ar "Turma Hares", nome da turma de formandos, com a fumaça liberada no momento certo por 7 aviões que voavam em linha.

Poucas vezes senti tanto orgulho de alguém. Parabéns Lag!!!

Bom, agora era hora de festa. Em casa, um churrasquinho, um cochilo e piscina com muita cerveja gelada, que mesmo após o anoitecer continuava incrivelmente quente! Não demorou chegou o quarto elemento, Danilo, vulgo Paquito e enfim o grupo estava completo. Carlos, Cezar, César e Danilo, ou Demente, Lag, Guto e Paquito. Não me lembro qual foi a última vez que nos juntamos os quatro. O papo rolou solto até ficarmos atrasados para o baile. Colocamos nossos smokings e fomos para o baile que rolou até as 5 da manhã. Fato importante: Smokings não melhoram a educação de ninguém! Nenhuma fila era respeitada na festa a rigor. Houve um momento em que eu era o próximo a me servir no buffet quando os pratos acabaram, e quando trouxeram mais só consegui pegar o décimo da pilha, enquanto os primeiros eram rudemente arrancados de minha mão. Chegou a ser engraçada a cena de tão ridículas atitudes.

No outro dia, após pouco dormir voltamos, eu, Guto e Tati (sua namorada) com o carro que o Danilo havia alugado até o aeroporto de Garulhos e de lá enfrentamos mais 70 km de transportes coletivos até chegar na casa de minha tia aqui em Sampa. Danilo voltou no mesmo dia pra Curitiba e Guto e Tati no dia seguinte. Ah! A caminho de casa, depois de sairmos do aeroporto, paramos no shopping Tatuapé e assistimos Tropa de Elite 2, e digo que foi um dos filmes mais fascinantes que assisti; um pouco depressivo levando-se em conta que os assuntos tratados no filme representam nossa realidade.

Assim se encerrou minha visita a São Paulo. Amanhã tomarei um avião para Curitiba e de lá vou para Umuarama, cidade do interior paranaense onde darei um workshop e depois para Cascavel onde passarei o natal com minha irmã. Até lá decidirei o que fazer depois! Porém saibam que não vejo a hora de retomar minha viagem, visto que já fiz tudo o que tinha para fazer por aqui. Já cumpri, e com bom grado, minhas funções de neto e de amigo e agora já me sinto pronto para partir!

Enquanto isso deixo um abraço a todos vocês!

Saudações,

Andejo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Andejo Posto à Prova

Volto a escrever hoje após um longo período de inatividade para dar meu paradeiro, para contar novidades que já não são tão novas e principalmente para organizar idéias.

Estou em sampa. Cheguei a algum tempo e já estou trabalhando. Depois do velório de minha vó, resolvi dar um tempo em Curitiba e fiquei até poucos dias depois do meu aniversário que foi na curiosa data de 10/10/10. Foi um pouco decepcionante e inesperado passar essa data em Curitiba, depois de tanto indagar em que lugar do mundo estaria em tão fatídico dia, porém assumo que foi gostoso passá-lo com amigos em um churrasco na lage. Um mês. Foi o tempo que gastei na cidade. Saí com amigos, descansei, pensei e repensei. Tive reencontros e desencontros. Surpresas e decepções. Até que decidi que não mais queria ficar alí. Foi assim que vim parar aqui.

Cheguei e logo fui a caça de trabalho. Se ia esperar a formatura de meu amigo que fosse trabalhando para juntar mais alguma grana. Muitos currículos entregues, várias entrevistas e uma escolha: TNG. Entrei na loja dia 11 de novembro, após recusar algumas outras propostas que me pareceram menos interessantes e depois de muito lutar pra conseguir toda a documentação exigida. Pois bem, as coisas não foram tão bem como eu esperava. Acho, na realidade, que eu não estou com o espírito competitivo o suficiente neste momento de minha vida para trabalhar num local de vendas num período de natal. Mesmo não me importando muito com os poucos reais perdidos com atendimentos que deveriam haver sido meus, incomodava-me profundamente estar trabalhando ao lado de pessoas que buscam o sucesso a qualquer preço, mesmo passando por cima de outros. Não disposto a brigar e me desentender continuamente por este tipo de coisa, resolvi renunciar a esta boa oportunidade de fazer uma graninha extra para a viagem. Vou ter que arranjar outro jeito... veremos.

Esses últimos tempos foram uma bela prova à minha perseverança e às minhas crenças. Não houveram muitas coisas que deram certo nos últimos meses. Começando com a notícia da piora do estado de saúde de minha avó seguido de seu falecimento, que me fez voltar precocemente ao Brasil, passei por uma série de dificuldades que complicaram e muito minha volta pra estrada. Os meses trabalhados em Buenos Aires para nada serviram, visto que o dinheiro se foi nesta volta ao país tropical. A desvalorizada moeda argentina pouco dura em território brasileiro. Em Curitiba não consegui juntar nada mais (e sim gastei muito). Não dei uma aula sequer, muito por desleixo, eu assumo. Esse foi um agente complicador de minhas decisões aqui em São Paulo. Abandonar o trabalho em que estava não foi uma decisão fácil, por mais que não estivesse satisfeito com ele. Entretanto, passar por cima de meus princípios para conseguir dinheiro vai totalmente contra o que acredito e prego, total hipocrisia, ainda mais no momento que atravesso, visto que o que busco nessa viagem é também evolução pessoal, além da busca pelo desapego. Lembro-me de Mariela e José comentando que temiam que eu me afastasse de meus planos e ideais nessa volta ao Brasil, e que abandonasse essa viagem, a qual consideram fascinante. Mas fiquem tranquilos amigos argentinos: Por mais que esteja sendo difícil levar os planos adiante, a saudade pela estrada só vem aumentando a cada dia.

Voltando à vida em São Paulo, conto que tem sido bastante interessante, marcada por coincidências, boas festas e maior contato com uma família que eu nunca tinha tido a oportunidade de conhecer bem. Ouço constantemente histórias sobre meus avós, tios e pais, sobre suas infâncias, origens, travessuras e feitos, e digo que tem sido muito bacana ouvir este tipo de his(es)tórias.

Quanto as coincidências digo que algumas foram intrigantes. Tenho andando bastante por São Paulo e enfim posso dizer que conheço ao menos um pouco minha cidade natal, o que já me deixa bem feliz. Desde que cheguei aqui venho andando constantemente de ônibus para ir a todos os cantos e, felizmente, apenas duas vezes desci no ponto errado. O curioso é que devido a esses dois erros encontrei dois lugares que já havia visitado antes e que queria encontrar, mas que não fazia idéia de onde ficavam; qual a probabilidade de isso ocorrer, completamente ao acaso, em uma cidade tão grande? E acrescento que apenas encontrei os lugares depois de descer do ônibus. Divertido. Outra coincidência é ter ido trabalhar comigo nesses dias um cara que conhece duas meninas que conheci na Guarda do Embaú, praia do litoral catarinense, logo após o carnaval. Incrível como um mundo tão grande pode ser tão pequeno.

Vou aproveitar agora essa semana, livre após meu pedido de demissão, pra conhecer ainda mais a cidade e tirar algumas fotos dos interessantes locais que não faltam por aqui. Este lugar não tem comparação a nada que já vi. Infinidade de pontes, viadutos e avenidas larguíssimas com tráfego incessante. Os trêns e metrôs são limpos, espaçosos(mesmo que insuficiente nos horários de pico) e de qualidade muito superior se comparado aos poucos outros que conheço como os do Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Buenos Aires. Bairros lindos e arborizados. Bairros feios e cinzas. Casas grudadas umas as outras com uma arquitetura desplanejada e um resultado único que nunca presenciei em outro lugar. As ruas dos bairros de periferia parecem todas iguais e é preciso estar muito atento para saber em qual ponto de ônibus descer quando se viaja a noite. Por outro lado não é difícil encontrar lindos boulevares e grandes parques em áreas de maior poderio econômico. Como eu imaginava, não é uma cidade ruim de se viver, podendo até ser excelente, tendo sua qualidade de vida intimamente ligada ao poder aquisitivo de seu morador.

Tenho aproveitado para ler muito por aqui, dado as infindáveis horas gastas no interminável trânsito da capital econômica do Brasil e estou pensando na possibilidade de abrir uma nova sessão no blog de sugestão de leituras. O que acham? Já começo indicando "As Memórias do Livro" de Geraldine Brooks, o qual mistura ficção e realidade para descrever o trajeto histórico de uma manuscrito judaico através dos séculos. Um romance de agradável leitura que trata sutilmente de temas como religião e anti-semitismo, fazendo-nos refletir sobre questões que insistem em nos acompanhar durante nossa "evolução" como espécie, parecendo não fazerem parte do amadurecimento da raça humana.

Fico na cidade até quinta, quando viajo a Pirassununga para a formatura de um amigo como piloto da força aérea, Cézar, motivo que me segurou no Brasil até o momento, e ainda não sei o que farei depois. Estudarei as possibilidades com calma essa semana para depois me decidir. Já tenho algumas coisas em mente.

Quanto ao blog, tenho deixado um pouco abandonado nos últimos tempos, mas tenham certeza que assim que eu pisar na estrada não demorarão a descobrir, e para que saibam o que atualizei sem precisar revisar todo o conteúdo, especificarei as sessões e as respectivas datas de atualização logo abaixo dos slides de fotos, na barra lateral do blog.

Volto logo para contar as novidades da formatura em Pirassununga. Se houver nessa a metade das confusões da última em Barbacena, já terei muita história pra contar!

Um grande abraço do ainda vivo,

Andejo.