O Andejo Vadio: fevereiro 2010
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"I always wonder why birds choose to stay in the same place when they can fly anywhere on the Earth. Then I ask myself the same question."
(Harun Yahya)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Barbaridade Tche!

Enfim, no Rio Grande do Sul! E como foi dificil chegar aqui!!

Ainda em Ibiraquera, na terça-feira, desistimos de sair de moto por causa da chuva e eu acabei não visitando a famosa praia da Ferrugem, o mesmo motivo me impediu de seguir viagem na quarta-feira para Laguna: a carona que eu havia arranjado não foi mais e eu não queria ficar horas na beira da estrada em baixo de chuva novamente. Na quinta-feira de manhã voltei a estrada com muito sol, e decidi seguir direto para Getúlio Vargas para encontrar o Alex.

Aproximadamente 1 hora depois do Edson me deixar na saída de Garopaba consegui minha primeira carona do dia até a entrada de Laguna, dali outra me levou até o trevo por onde eu entraria no interior do estado. Passando por Ermo com outrta carona cheguei a Turvo, uma bela cidadezinha, com belas casas, capital do arroz. Outra carona me levou até a zona rural. Na realidade fez mais, esse último, um moleque chamado Marcelo (se não me engano), me convidou pra ir até uma chácara, onde me apresentou uns amigos, comemos algumas frutas do pé, bebemos um pouco e curtimos um violão, até me deixar mais tarde na estrada que levava até a serra da Rocinha, mas antes dela havia outra cidade, Timbé do Sul. E quem me levou até ela foi um vereador da própria cidade, João Mandelli, que me apresentou a algumas pessoas que me arranjaram comida (uns salgados) e abrigo (a caçamba de um caminhão). Apesar do fato ser cômico, essa acolhida foi de grande ajuda, afinal, além de terem feito tudo de bom coração, me arranjaram o que comer e um local aparentemente seguro para passar a noite. E que noite, boa para se pensar; coloquei o saco de dormir na caçamba do caminhão, em cima de um colchão e depois de ler mais algumas páginas de Kerouac, dormi ali, ao relento. Como sempre, quando se dorme sem um teto, acordei cedo, antes das seis arrumei minhas coisas, comi uma maçã que havia ganhado do dono do caminhão no dia anterior e fui caminhando até o final da cidade. Parei no Bar do Alemão, que além de bar e limite da cidade era também um museu repleto de antiguidades. Ele tinha na parte de fora do bar um daqueles recipientes com imitações de flores que se enche de água com açúcar para alimentar os beija-flores, e eu nunca havia visto tantos juntos. Não conseguia contar pois eram muito rápidos, mas sem dúvidas eram mais de dez, lutando freneticamente pelas três flores de plástico que continham a imitação do pólen. Essa foi uma das muitas distrações que tive durante as 5 horas de espera até a carona pra subir a serra, 12 km de estrada de chão, 1 hora para subir com minha próxima carona: um caminhão que estava subindo pra carregar de madeira.

E cheguei no Rio Grande. A vegetação mudou de floresta para campo, o calor insuportável passou a ser um leve frio, e a polícia passou a se chamar brigada; inclusive tenho que agradeceer a um brigadiano anônimo que me arranjou a próxima carona até São José dos Ausentes, a cidade mais alta e fria do Rio Grande do Sul. Dali peguei carona na caçamba de uma saveiro, de onde tive uma bela vista de toda a pradaria da região. Outras duas caronas me levaram até Vacaria e Muitos Capões, respectivamente. Neste segundo local cheguei perto das 5 da tarde e temi no momento não conseguir cumprir a promessa de chegar numa sexta-feira a noite no centro de Getúlio. Por sorte parei um ônibus que estava indo para Erechim e por sorte passava por Getúlio. A passagem era 30 reias, mas o cobrador aceitou meus últimos 20 pelo trecho que iria percorrer. E cheguei ontem, na cidade em que o Alex mora, sujo, faminto e cansado, mas como prometido na sexta-feira, de noite.

Já conheci a família do meu companheiro de estrada, e aqui, em suas casa, deveremos ficar até segunda de manhã, quando entraremos novamente em Santa Catarina rumo a Uribici, Laguna e Praia Grande, quando enfim deixaremos definitivamente o penúltimo estado antes do Uruguai.

Um grande abraço a todos.

Andejo

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Brasil paradisíaco

Guarda do Embaú, Garopaba, Ibiraquera, Imbituba; difícil dizer qual mais fascinante. Cada praia com suas qualidades, muitas qualidades, me fazem questionar como pude demorar tanto para conhecer esse lindo pedaço do litoral catarinense.

Comecemos do começo: No último dia em Floripa, aproveitei para angariar contatos e fazer algumas coisas que tinha deixado pendentes. Omar, que foi meu primeiro instrutor de mergulho me arranjou lugar pra ficar em Buenos Aires por uns dias como também em Mar del Plata, assim como a Ana, sua esposa, disse que conversaria com sua irmã em Córdoba. Ou seja, além de descansar um bocado e quase vencer um antigo adversário viciado no PES 2010 do Play 2, haha, ainda pude conseguir um pouco mais de segurança durante minha passagem pela Argentina. Outra ajuda inestimável foi a que Omar me deu aconselhando os lugares que eu deveria passar quando em seu país. Para terminar ainda me deu uma carona até o centro, as 4 da manhã, quando foi levar um outro colega de trabalho para o aeroporto. Chegando lá na rodoviária, pouco antes das 6h e pouco depois de me despedir do Omar, reparei que havia deixado meu cartão do banco (débito e crédito) lá na escola de mergulho. Uma hora de ônibus para chegar até lá e outra para voltar. Mas as coisas não acontecem por acaso. Na volta conheci dois argentinos que me convidaram também para ficar em sua casa em Buenos Aires, assim como me passaram um site de relacionamento de viajantes, os quais disponibilizam suas casas para passar uns dias (www.couchsurfing.org), ainda não me increvi, porém parece interessante.

Bom, finalmente embarquei num ônibus para a Guarda, e logo na chegada percebi que era um lugar único. Deixei minha mochila num camping e saí à procura de um local para acampar de graça, e isso foi a única coisa que não encontrei, rs. O centro da pequena cidade já é fascinante com seu jeito rústico, e a medida que se vence as pedras e morros pelas trilhas se descobre uma praia mais linda que a outra. Para chegar a primeira, praia da barra, já tem que atravessar um rio, ou a nado ou em um barco e para as outras somente pelas trilhas. A segunda, praia da Guarda, lotada, pequena e aconchegante. A terceira, Prainha, nome que me não pareceu apropriado pois era a maior delas; uma linda praia reta, no pé de morros e com grandes pedras que serviam de abrigo com sombra para os poucos que ali estavam. Nesse lugar conheci 3 pessoas, Leandro, Fer e Pérola, três paulistanos que me levaram até um dos lugares mais espetaculares que já estive. Uma linda praia, com uns 30 metros de comprimento, num vale coberto por campos e árvores baixas. Só um pequeno barzinho atendia aos poucos que estavam ali servindo coisas simplíssimas. Ali gastamos toda a tarde, bebendo, curtindo música e natureza - Nota especial para uma das garotas, linda por sinal, com sua mente licérgica que jurava ter visto na Bahia alguns peixes com inscrições incas, outros azuis que davam piruetas e se exibiam para os mergulhadores como alguns outros que brilhavam com suas cores fluorescentes! Haha. Inclusive me recomendou o lugar: Taipú de Fora - Ao final da tarde, através de outra trilha chegamos à praia da Pinheira, e fomos a pé pela estrada de chão até onde deixei minhas coisas. Ali nos separamos, eu e Leandro ficamos em um camping e as meninas foram para outro. No outro dia arrumei minhas coisas e deixei o camping, me despedi do Leandro, me despedi das meninas ao encontrá-las ao acaso numa padaria e saí caminhando da Guarda do Embaú. Logo peguei duas caronas que me levaram a Garopaba, a primeira com um surfista que ia para Palhoça, e a segunda com um caminhoneiro que ia para os Pampas.

Chegando em Garopaba liguei para o Edson, um velho conhecido com amigos em comum que está montando uma pousada iraaaada em Ibiraquera, nos pés da Lagoa, bem perto da Praia do Luz, a primeira que eu conheci. Ele me recebeu muito bem e além de me dar casa e comida, serviu de guia turístico me levando de moto pra conhecer inúmeras praias da região. Praia de Ibiraquera, Luz, Rosa, Ouvidor, Ribanceira, Vila e hoje vamos até a Ferrugem.

Bah, e que momento tenso foi voltar a praia da Vila, especificamente ao Canto da Vila, em Imbituba. A 3 anos atrás, no primeiro mochilão, acampei ali, em baixo de umas cabanas que servem de proteção aos barcos dos pescadores. Foi o primeiro lugar da primeira viagem que passei, e creio que será o único, e várias lembranças voltaram a memória, senti novamente todas as sensações daquela época. Pois é, muita coisa mudou desde aquele tempo, mas não a vontade de estar na estrada, finalmente voltei a essa vida.

Amanhã me despeço do Edson, o qual agradeço demais a força e vou em direção a Laguna e Farol de Santa Marta. E tenho uma ótima notícia. Está tudo bem com o Alexandre e creio que vou me encontrar com ele ainda nessa sexta-feira em Getúlio Vargas, sua cidade, de onde continuaremos juntos o mochilão.

Em breve novidades. Grande abraço.

Andejo

Ps.: Ahááá, meu primeiro seguidor!!! Hahaha!!! Valeu Paragua, logo chego aí pra te incomodar!!!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Novamente na Ilha da Magia

Cheguei em Floripa! Após um carnaval muito bacana no litoral paranaense, intercalando entre curtir as ruas de Caiobá e Guaratuba, com a ótima companhia de uns moleques do interior de sampa que estavam hospedados na pousada dos meus pais, voltei a cair na estrada. Esses dias foram tranquilos, aproveitei para curtir uns últimos momentos com minha mãe, afinal, como contei antes, minha despedida em Curitiba havia sido um tanto tumultuada devido ao nosso atraso para pegar o trem. Depois de muito chororô ganhei uma carona dos meus tios da pousada até a balsa de Guaratuba, local que infelizmente dessa vez não consegui carona. Andei um bocado, em baixo de chuva, coisa rara nesse verão subtropical, até conseguir subir no primeiro carro. Uma senhora muito simpática que estava indo pra Curitiba com sua neta me levou por uns (acredito eu) 40 km até a cidade de Garuva. Se não me falha a memória seu nome era Marina, porém, como todos já sabem sou péssimo com nomes. Nos separamos, ela rumou ao norte e eu ao sul, andei uns minutos e ainda sob chuva, a que vinha do céu e também a que vinha das rodas dos embalados caminhões, esperei por volta de uma hora e meia no acostamento por uma carona que não apareceu. Já trêmulo de frio, decidi me abrigar em uma lanchonete próxima a rodovia, porém, assim que recoloquei a mochila nas costas e comecei a caminhar, uma boa alma, um caminhoneiro que estava a caminho de Peirabeiraba, parou e me ofereceu carona além de me oferecer também um chimarrão pegando fogo que esquentou até a alma. Ele me deixou no posto da polícia rodoviária desta cidade, um dos melhores lugares, teoricamente, para pegar carona na região. Horas e horas, umas 4 no total, esperei novamente em vão por outra carona para Floripa. A noite se aproximando e com o estômago roncando comecei a me preocupar. Recoloquei a mochila nas costas e segui uma placa que indicava um posto a 1 km de distância. Após uns 400 metros de caminhada, sempre com o dedo estendido, mesmo estando de costas para os carros que se aproximavam, consegui outra carona, um tanto aleatória por sinal, afinal o rapaz estava indo poucos km a frente. Andou um bocado a mais comigo, com o intuito de me ajudar, porém, não encontrando um local apropriado, me deixou no meio do nada. Desci agradecendo e rindo da desgraça de ter aceitado aquela carona, e assim como antes voltei a caminhar com o dedo esticado. Poucos minutos depois uma caminhão parou em cima de um viaduto e quase causou um acidente, porém, salvaram-se todos, inclusive eu, que já desacreditando da sorte consegui uma carona até perto de Navegantes. O cara era muuito gente fina, conversamos um bocado, e ao final ainda conseguiu outra carona para mim com um colega caminhoneiro que inacreditavelmente, pelo menos para mim depois desse dia cansativo, estava indo até Palhoça. Esta nova carona me deixou na entrada de Floripa as 9 da noite, 12 horas após do momento que saí da pousada em Matinhos. Decidi pegar um ônibus para entrar na cidade. E junto com dois novos camaradas de Sampa que conheci ali mesmo na rua, esperamos por mais de uma hora por um ônibus que não veio, tempo suficiente pra conversarmos muito, acho que incentivei dois novos mochileiros! Mudamos de local e enfim pegamos um ônibus para o centro. Eles me pagaram dois salgados e todos comemos por ali. Nos separamos, fui para o norte da ilha e eles para o leste, mas acredito que logo terei notícias deles. Cheguei de surpresa no meu destino, a escola de mergulho que trabalhei no auge da temporada. Encontrei o pessoal e já fui direto pra balada, a mesma que sempre frequentava enquanto estava aqui, aquela que não pagamos para entrar, fato determinante para alguém sem recursos. Conheci uns cordobeses, (argentinos da região de Córdoba), e acredito que vou reencontrá-los hoje na praia de Jurerê. Creio que eu fique aqui somente até amanha ou depois, seguindo viagem novamente na direção sul. Guarda do Embaú, me aguarde, estou chegando!

Ah, mae, também te amo!! rs (Haha, minha mae é muito fofa!)

Abraço a todos,

Andejo.

Ps.: Desculpem a falta de acentos, estou num note de um amigo argentino, e nao tem 'tio' no teclado, logo logo arrumo isso! Pra compensar vou colocar exclamaçoes e interrogaçoes de ponta cabeça! Hehe ¡¿¡¿¡¿¡¿¡¿

Ps2.: Arrumei os acentos, mas vou deixar o comentário acima como recordação! Haha.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dá-lhe Carnaval

Seja bem vindo feriado nacional! Agora enfrentarei uns dias de estrada cheia, vamos ver como será!

Estrada cheia e carnaval me lembram agito, completamente o oposto que encontrei indo pra Ilha de Superagui, começando pela lenta viagem de barco com um pouco mais de 2 horas de duração. Ali mesmo no barco conheci Pedro, que acabou me dando uma força na ilha. Ele é um administrador que trabalha num banco em Curitiba e estava indo passar o carnaval no litoral, gente boa, doidão! Decidi não acampar ao chegarmos lá, visto que ficaria pouco tempo, então deixei minhas coisas no quarto em que o Pedro se hospedou e sai sem rumo, pra ver o que essa ilha tinha a oferecer. Muuuuuita natureza, povo simpático e ar puro sobram neste lugar com casas simples, ruas de areia e muito comércio. Vivendo de pesca e turismo esse lugar é recheado de pousadas simples e pequenas mercearias, porém, diferente de outros recantos, neste nada é muito caro. Depois de escurecer peguei meu violão e fui sozinho até a beira da praia gastar mais algum tempo, porém não fiquei muito tempo por ali. Logo chegaram mais pessoas e fomos todos juntos a um bar. Mais e mais cerveja e cataia de graça, chegou mais um violão na roda, o número de pessoas aumentava e fomos noite a dentro. Depois de alguns irem embora fomos em menor número para a praia novamente, até que enfim fiquei novamente sozinho, podre de cansado. Faltavam poucas horas até a hora do barco partir, e decidi dormir num deck de frente pro mar e ali fiquei até amanhecer. Voltei ao quarto, peguei minhas coisas, me despedi do Pedro e voltei com o mesmo barco que havia tomado na ida até a ilha, porém agora em direção à Paranaguá. Cheguei na nova cidade por volta das 9 da manhã e comecei a labuta, precisava tomar as vacinas para tirar a carteira internacional de vacinação, e já sabia que em Paranaguá tinha um posto da anvisa. Andei quilômetros e tive ajuda de algumas mulheres de um posto da vigilância sanitária anexa a um hospital. Flavia o nome de uma delas. Ligaram para a anvisa para se informar, me indicaram onde era e ainda me deram uma garrafinha de água gelada, providencial. Tomei 4 vacinas ali mesmo no hospital, duas no braço esquerdo, uma no direito e uma na bunda, que doeu a béça e dificultou muito carregar a minha pesada mochila depois. Mais uma caminhada até a anvisa e depois uma loooonga caminhada até a BR-277 onde consegui duas curtas caronas até o viaduto que levava para Praia de Leste. Desci do carro andei 10 metros e o mundo caiu, em questão de dois minutos estava ensopado, em quinze estava abrigado num posto, mal me aguentando acordado. Sem condições de pedir carona, cansado, dolorido e completamente encharcado, além de estar perto do meu destino, a pousada que meus pais possuem aqui no litoral do estado, decidi pegar um ônibus, que por sinal demorou horas pra aparecer, isso se não perdi nenhum, pois cochilava consecutivamente no ponto do ônibus. Cheguei na pousada no final da tarde, tomei um banho quente, comi feito um cavalo e dormi as 6 e meia da tarde, só acordei as 9 horas do dia seguinte. Aqui estou até o momento, esperando um contato com o Alexandre pra saber se ele viria ao meu encontro ou não, e a resposta, por enquanto, foi negativa. Vou continuar sozinho até chegar na cidade dele no Rio Grande do Sul e de lá devemos continuar juntos. Dadas as condições, hoje a noite vou decidir se viajo amanhã mesmo ou se continuo segunda-feira, mas o que é certo é que vou cortar do roteiro algumas cidades que já conheço da primeira viagem. Daqui devo ir direto a Bombinhas e depois a Florianópolis, e de lá decido o resto.

Grande abraço a todos e até a próxima.

Andejo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Enfim, nos céus!

Finalmente voltei ao lugar que nunca deveria ter saído, a estrada! Comecei minha viagem anteontem, dia 08/02/2010. Depois daquela tensão inicial da noite prévia, embarcamos no trem para Morretes. Viagem bem bacana, com belas paisagens e com a empolgação de uma nova temporada ao acaso, conhecemos, eu o Alexandre, alguns outros passageiros. Entre eles alguns biólogos que desceriam no Marumby, conjunto de montanhas localizado na serra do mar. Depois de hesitar por alguns instantes decidimos também descer nessa estação. Enchemos o cantil pela primeira vez na administração do parque, mesmo local onde deixamos as mochilas e começamos a subida, e que subida. Escolhemos o monte Olimpo, também conhecido como Pico do Marumby, e com seus 1539 m de altitude no cume, realmente lembra a morada de deuses. Não me lembro de uma vista tão bonita e emocionante em toda minha vida, mesmo extremamente cansado pela subida íngreme muitas vezes mais próxima a uma escalada do que a uma caminhada, esse momento no topo me mostrou o quanto essa viagem valerá a pena. Dia lindo, aves planando no morro ao lado, cidades, rios, montanhas e oceano dividiam os 360° de horizonte possíveis de serem vistos dali. Não pudemos aproveitar muito, pois o sol ardia as 3 horas da tarde, e não sabíamos quanto tempo levaríamos pra descer. Chegamos lá em baixo com as pernas trêmulas de cansaço, porém relaxados depois de sermos massageados por uma cachoeira. Meia hora depois de terminarmos o percurso começou a chover, uma ótima noite para dormir, não sendo perfeita apenas pelo excesso de pernilongos e pela falta de repelente!!! No dia seguinte caminhamos uns 5 km serra abaixo até encontrarmos algumas caronas que nos levassem a Morretes. E aqui estou eu. Deixei minha mochila num restaurante e demos uma volta pela pequena cidade, e na volta ainda ganhamos o almoço. A partir deste ponto seguirei sozinho, pelo menos por enquanto, pois o Alexandre teve uma emergência e voltou para casa, espero reencontrá-lo mais para frente. Mesmo sob forte chuva segui caminhando em direção a Antonina, mas consegui carona com um caminhoneiro chamado Leonir, sujeito gente fina que estava indo em direção a Guaraqueçaba, e segui com ele. No ponto em que nos separamos ele me pagou um salgado e me deu 20 contos me aconselhando pegar um ônibus até Guaraqueçaba, que ficava cerca de 3 horas a frente de onde estavamos em estrada de terra. Creio que ele acreditava que eu estava completamente sem grana por estar pedindo carona, e disse que se sentiria ofendido se eu recusasse pois ele mesmo já dependera de carona e de ajuda dos outros por essas estradas a fora. Relutante aceitei, e com esse dinheiro peguei o ônibus e paguei um camping em Guaraqueçaba. Fui convidado a tocar violão com um pessoal num buteco, e quando me sentei com eles, me serviram cerveja e cachaça ao mesmo tempo que o dono do bar trazia mais um violão, um cavaco, um pandeiro e um tam-tam, gastamos ali um par de horas tocando desde Bezerra da Silva e Adoniram Barbosa até Chico Buarque e Paulinho da Viola. Hoje subi mais um morro e vi toda a região por cima, estou virando fã deste tipo de visão. Em duas horas pego um barco para a ilha de Superagui, onde devo passar essa noite, vamos ver como é esse recanto.
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Bom, por enquanto é só.
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Grande abraço a todos, e assim que possível volto a escrever por aqui.
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Andejo