O Andejo Vadio: maio 2010
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"I always wonder why birds choose to stay in the same place when they can fly anywhere on the Earth. Then I ask myself the same question."
(Harun Yahya)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ir ou nao ir? Eis a questao!

Talvez eu tenha sido um pouco apressado ao utilizar o título da postagem passada, afinal ele caberia perfeitamente nessa. Por outro lado, acredito que aquele seria um possível título para pelo menos metade de todas as histórias que conto e que dizem respeito a essa viagem, entao deixemos de lastimar sobre isso por um instante.

Próximo a completar 100 dias de viagem, fato que ocorrerá amanha, sigo me surpreendendo. Diferente do que imaginava, estar 'parado' em uma cidade nao transformou minha vida em uma rotina - na realidade, nao passou nem perto disso - assim, diferente do título, guardo os assuntos relatados na mesma postagem citada acima para um momento mais propício.

Em Buenos Aires há muito trabalho. Algum para mim? Ainda nao sei. Os jornais estao repletos de anúncios, e a internet recheada de oportunidades e eu estou correndo atrás. Espalhei meu currículo pela cidade e pela rede e agora fico na torcida para que o esforço gere resultados. Algo já começou a acontecer, por mais que pouquíssimos dias tenham passado. Já fiz um free de barman em uma balada aquí em Lanús (regiao que estou hospedado na grande Buenos Aires), e amanha tenho uma entrevista para trabalhar de garçom em festas e eventos, porém, nada mais estável e constante tem surgido como opçao.

Nessas andanças todas pude reavivar como é uma cidade grande de fato. Com seus 16 milhoes de habitantes, a capital argentina transpira agito - e se respira poluiçao. Poluiçao essa que é gerada em parte pela imensa quantidade de veículos que tornam o trânsito um caos completo. Caos esse que estimula, inevitavelmente, o uso constante e irritante das buzinas. Buzinas essas que sao a marca registrada dos portenhos - no interior do país, sempre que alguém recorre a buzina, se ouve a sentença: "Deve ser da capital!"

As ruas, ônibus e metrôs estao sempre cheios, independentemente do horário. Se encontra aqui diversidade de opçoes durante toda a madrugada. Quer um cachorro quente feito por um coreano muçulmano as 4 da manha? Aposto que se procurar bem o encontra. Falando em diversidade, creio que essa seja uma boa definiçao para cidades grandes em geral. Ontem estive em uma Lan House que tinha como atendente uma oriental (nao sei dizer de onde) que praticamente nao falava espanhol, indicava qual computador utilizar através de plaquetas com números e todo o mais dizia através de gestos.

Porém essa diversidade gera uma infinidade cultural invejável e basta andar pela avenida Corrientes com seu número incalculável de teatros, colados uns aos outros, para se notar isso. Músicos estao espalhados por todos os cantos. Bandas com 5 ou 6 músicos espalham tango, jazz, rock e bossa pelos calçadoes com seus saxofones, trompetes e trombones, quando por acaso nao se cruza com um piano que sabe deus como foi para ali. As estaçoes de metrô têm programaçoes culturais, que incluem música, teatro e dança, e nao é dificil encontrar um museo abaixo do solo por aqui.

Nao vou ser redundante em falar sobre a segurança em cidade grandes da América Latina.

Deixando de falar sobre a cidade e voltando a falar sobre mim, posso afirmar que estou feliz. Já encontrei alguns amigos por aqui, por mais que tenha ainda alguns outros para procurar, e estou tratando de fazer também novas amizades. Encontrei por exemplo Horácio, o senhor que me deu carona em Colonia del Sacramento no Uruguay e me levou para conhecer seu museu de automóveis antigos. Encontrei também uma amiga, Natali, que me prometeu juntar todas as garotas que foram juntas a Florianópolis e que conheci durante minha temporada de trabalho na escola de mergulho no último verao para uma balada. Fui novamente a um lugar que a muito esperava a oportunidade de reencontrar, Maluko Beleza, um bar brasileiro que marcou profundamente minha primeira viagem, e tive a boa sorte de reencontrar algumas antigas amizades por lá. Tudo isso transformou em extremamente agitados meus primeiros dias nesta incrível cidade.

Porém algo hoje abalou minha agitade tranquilidade, rs. Minha mae esteve nos últimos dias buscando uma forma de me mandar algumas coisas, que me serao extremamente úteis, junto com alguns presentes que me deram minhas irmas com seus maridos, e tenho que dizer que falhou em encontrar. Provável que inconscientemente, baseado no conhecimento que tenho sobre meus pais, arquitetaram um maquiavélico plano.

Começaram dizendo que viriam me trazer a bagagem pessoalmente, o que, por mais insano que pareça, me pareceu uma idéia agradável - nao exatamente uma boa idéia, deixo claro - já que teríamos a oportunidade de matar a saudade mutuamente. Porém, pensaram e disseram que nao têm dinheiro suficiente para os dois, entao apenas um dos dois viria. Alegando que nao seria justo com o que ficasse e apelando para o sobrinho que ainda nao conheço, sugeriram que eles pagassem minhas pagassens, ida e volta para Buenos Aires, ao invés de pagarem a de um deles, para que eu vá pessoalmente "pegar as minhas coisas". Como argumento, me mostraram os descontos que tornam a viagem entre Buenos Aires e Curitiba mais barata que o trecho Curitiba-Sao Paulo e me disseram que com uma semana lá poderia pagar facilmente a viagem para eles, se assim eu desejar, dando algumas aulas para antigas alunas.

Sinceramente nao sei o que fazer. Admito que fui pego desprevenido e tenho que pensar a respeito. A oportunidade de passar uma semana em casa, matar a saudade da família e dos amigos, conhecer meu sobrinho é realmente tentadora, porém nao sei os efeitos que isso poderia causar em minha viagem. Como disse no princípio espalhei currículos por todos os lados e nao gostaria de perder as escassas oportunidades que possam aparecer, além do que me parece um pouco hipócrita de minha parte gastar em passagens metade do que gastei em 3 meses de viagem, por mais que estaria gastando um dinheiro que nao é meu. Quanto dinheiro vale matar a saudade daqueles que ama? Em questao de duas horas já estive decidido a ir, a nao ir, a ir novamente e no momento estou inclinado a nao ir, mas escrever esse texto está me mostrando que talvez ir nao seja uma má idéia.

Vou me dar um tempo para pensar, por mais que meu pai queira que eu decida rápido - por ele, tomaria o aviao amanha; nao, nao estou brincando e nem exagerando - e seguirei o conselho de minha irma de colocar os prós e contras no papel. Assim que tomar a decisao deixarei que voces fiquem sabendo.

Bom, com muito para pensar e sem mais o que escrever, me despeço de todos com um grande abraço e como diria Willian Bonner: "Boa Noite"!

Hasta pronto,

Andejo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vida Louca Vida


Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve

Após citar Cazuza sigo com um pedido de desculpas: Desculpem-me. Ausentei-me deste blog por tempo demais, mas tempo do que deveria. Porém, asseguro-lhes que nao foi por mal, por diversas vezes sentei em frente ao computador e tentei sem sucesso escrever algo e acrescento que os últimos dias em meu diários estao igualmentes cheios de vazio.

Minha viagem neste momento nao está exatamente inspiradora, ou talvez eu que nao esteja inspirado com minha grande viagem. O que sei é que no momento esta faltando alguma coisa que nao sei exatamente o que é, entao sigo olhando para todos os lados na experança de encontrar o elo perdido.

Passei meus últimos 15 dias em Rosário, na província de Santa Fé. Cidade Maravilhosa, mesmo que incomparável com a cidade brasileira proprietária do mesmo título. Nao muito grande em tamanho e populaçao - algo cerca de 2 milhoes de habitantes - muito se assemelha com uma metrópole. A cidade nao dorme. Existem inúmeros pubs e clubs e 'bs' de todos os tipos e gostos. Tango, salsa, música eletrônica, cumbia, reggaeton, blues, rock, jazz e tudo o mais que se desejar se encontra por aqui. O agito mesmo fica guardado de quinta a domingo, porém diferente dos 2 milhoes de habitantes de Curitiba, os daqui sempre amanhecem na balada - aqui as pessoas chegam nas baladas ao mesmo horário que fecham as da cidade ecológica, rs.

Visitei também vários museos, em sua maioria gratúitos, parques e tive suficiente tempo para caminhar por toda a cidade. Conheci pessoas incríveis por aqui também, algumas no hostel em que fiquei nos 3 primeiros dias, entre eles israelenses, franceses, espanhóis, italianos e americanos e outras depois de ficar os dias restantes na casa de Sebastian, um novo velho amigo, daqueles que estou me acostumando a fazer na viagem. Reencontrei também Alícia, minha avó argentina que estava morando em Rosário, para minha boa surpresa.

Enfim, tive maravilhosos dias nessa cidade, porém algo faltava... dinheiro! E como procurei! Nao exatamente dinheiro, mas sim trabalho. Entreguei um bocado de currículos em todos os bares e restaurantes que encontrei, porém enquanto Dionísio me abençoava com muito vinho e festa, Hefesto desviou os olhos dos trabalhos pretendido a mim.

Sendo assim, enfim voltei ao meu plano original que era buscar trabalho em Buenos Aires. Andrew, um americano que conheci na casa de Sebastian também estava com o destino traçado e decidimos ir juntos de trem para a Capital Argentina, e que viagem. O trem pulava dos trilhos mal conservados a grande velocidade e todos amaldiçoavam o maquinista. Parava em todos os lugares possíveis e imaginaveis, fazia frio durante a noite e calor durante o dia e demoramos 9 horas para percorrer os 300 km entre Rosário e a cidade portenha. Mas as poltronas eram confortáveis, rs.

Chegando aqui novos sentimentos se despertaram e a partir daqui será tudo realmente novo para mim. Já estou alojado na casa de um amigo e hoje começo a procurar trabalho. Estou reformulando minha viagem e decidirei nos próximos dias novos prazos e destinos, que nao serao tao alterados assim.

Bom, quando se está parado em um local nao se tem tanta coisa para contar, mas ja tenho alguns assuntos interessantes com que entreter voces enquanto minha rotina nao se torna por si só atraente o suficiente para prender sua atençao. Aguardem e confiram.

Espero voltar aqui em breve. Grande abraço,

Andejo