Sindicato Único de Trabajadores de Concesionarias Viales y Afines. Com o nome desse sindicato, que tem como objetivo, em geral, proteger os trabalhadores de estaçoes de pedágios, inicío essa postagem. O porquê será dito em seu devido momento, e antes que este chegue, partamos de minha partida de Concepción del Uruguay.
Eu esperava ansiosamente pela chegada de José e Mariela na manha de terça-feira, mas nao foram eles que chegaram e sim a mae de José. Me disse que seu filho e sua nora iriam partir para outra viagem sem passar em casa, e disse que me levaria até a estrada onde eles passariam, para eu aproveitar a carona para seguir meu destino.
Apressadamente coloquei as coisas dentro da mochila e em menos de meia hora subia novamente no caminhao de José, desta vez a última. Consegui pegar algumas fotos com eles e viajei uns 60 Km em direçao a Córdoba, meu objetivo. A despedida foi bacana, demonstrando os dois lados que uma nova amizade havia sido construída. Sentirei saudades desse casal.
Isso é uma das muitas coisas difíceis que estrada nos proporciona. Encontro pessoas que salvam minha vida a todo instante, que me alimentam, arranjam-me abrigo em uma noite chuvosa, apresentam-me pais, esposas, filhos, amigos, vizinhos e cachorros. Nao mais do que em um momento se cria um forte vínculo emocional, paterno, fraterno; me acolhem em seu círculo mais íntimo e familiar. Porém em dias, horas ou apenas em minutos eu sigo caminhando, novamente perdido em pensamentos; e as despedidas... nao podem imaginar como sao dolorosas, como sao aquelas que dedicamos aos amigos mais próximos. Fico imaginando se um dia poderei reencontrar essas pessoas que me ajudaram sem esperar nada em troca, e tenho também a certeza que ficam eles, que me vêem partindo caminhando para longe, imaginando o que teria acontecido com aquele jovem andarilho.
Desci entao do caminhao, assim como qualquer pessoa desce do carro de um amigo depois de uma noite de festa e caminha em direçao a sua casa; a minha é negra, normalmente pintada com faixas amarelas ou brancas e a cada dia que acordo vejo pela janela uma paisagem diferente. E como saindo mais um dia pra trabalhar, subi em um Uno de um policial que viajava com sua mae. Em mais uma efêmera amizade, iniciada a partir do gosto em comum pela música, me convidou para almoçar em sua casa, em Tala, ainda na província de Entre Ríos. Comi como se estivesse em minha casa e entao Carlos, como era chamado o policial me levou novamente para a estrada, onde em pouco minutos fui levado por um caminhoneiro e sua esposa alguns quilômetros a frente onde constatei sinais que meus próximos momentos nao seriam fáceis, gotas começaram a cair do céu.
Quando a chuva veio de verdade me abriguei em uma cabine da polícia caminera, equivalente a nossa rodoviária, que jazia desocupada a beira da Ruta 39. Mas a chuva nao durou e logo subi noutro Focus até Vitória, última cidade entre os ríos Paraná e Uruguay. Apenas uma estrada concessionada me separava da Província de Santa Fé, porém me separou por mais tempo e de maneira completamente inusitada.
Outro caminhoneiro, este Cordobês, com sotaque muito distinto do que havia encontrado até aqui me levou de Vitória até a praça de pedágio da rodovia citada acima e como chegamos já durante a noite, nao consegui carona em direçao a Rosario. Estava agasalhado o máximo que podia, mas mesmo assim o vento passava congelando até minha alma, e para ajudar, voltou a chover, e nao parou mais. Me abriguei em baixo da praça de pedágio, onde estava acontecendo uma manifestaçao: os trabalhadores, filiados a Sutracovi, estavam em greve. As cancelas estavam todas abertas, os trabalhadores batucavam tambores e os motoristas passavam buzinando e eu ali, com fome, frio e sono, mas nao por muito tempo.
Um dos trabalhadores reparou naquele curioso garoto que tremia incessantemente e foi com ele trocar dois dedos de prosa. A prosa rendeu e o trabalhador, chamado Alexis, convidou o garoto a se juntar aos outros trabalhadores, que comiam um churrasquinho de frango, assim acabando com a fome que ele sentia, que tomavam vinho e fernet ao lado de uma fogueira, acabando assim com o frio que o cortava, e mais tarde, depois de muita festa, música e conversa, arranjaram também ao garoto um local abrigado para passar a noite, desejando-lhe um bom sono. Assim o foi, e o garoto, um andejo vadio perdido numa estrada argentina, fez novamente novas amizades.
Acordei no outro dia, sabendo que aquilo tudo podia nao ter passado de um sonho delirante de um desamparado, porém, sempre consciente, sabia que nao o era, e sim sabia que a sorte, que ditados sempre dizem que acompanha os aventureiros, nao tinha me excluído da lista de beneficiados. No outro dia café da manha seguido por um delicioso churrasco e discursos impressionantes sobre política seguiram por toda manha e parte da tarde. Um banho foi o divisor de águas.
Enquanto os trabalhadores se reuniam em uma assembléia fui tomar um delicioso banho quente. Quando sai do banheiro tudo estava diferente: o sol, escondido por densas nuvens a alguns dias estava de volta, tornando dispensáveis as blusas que usava, tambores nao mais tocavam, faixas de protesto nao mais podiam ser vistas e as cancelas voltaram a trabalhar, o protesto havia terminado e com ele minha estadia no meu Hotel Pedágio Vitória-Rosário. Fui convidado a ir a outro hotel, já que uma nova paralisaçao teria início no dia seguinte em outra praça, porém o norte da minha bússola apontava em outra direçao, Córdoba, cidade que chegaria no dia seguinte, e que estou no momento. Porém as histórias dessa cidade e de Yoruba ficam para uma próxima postagem.
To be continued...
Abraços,
Andejo.
Eu esperava ansiosamente pela chegada de José e Mariela na manha de terça-feira, mas nao foram eles que chegaram e sim a mae de José. Me disse que seu filho e sua nora iriam partir para outra viagem sem passar em casa, e disse que me levaria até a estrada onde eles passariam, para eu aproveitar a carona para seguir meu destino.
Apressadamente coloquei as coisas dentro da mochila e em menos de meia hora subia novamente no caminhao de José, desta vez a última. Consegui pegar algumas fotos com eles e viajei uns 60 Km em direçao a Córdoba, meu objetivo. A despedida foi bacana, demonstrando os dois lados que uma nova amizade havia sido construída. Sentirei saudades desse casal.
Isso é uma das muitas coisas difíceis que estrada nos proporciona. Encontro pessoas que salvam minha vida a todo instante, que me alimentam, arranjam-me abrigo em uma noite chuvosa, apresentam-me pais, esposas, filhos, amigos, vizinhos e cachorros. Nao mais do que em um momento se cria um forte vínculo emocional, paterno, fraterno; me acolhem em seu círculo mais íntimo e familiar. Porém em dias, horas ou apenas em minutos eu sigo caminhando, novamente perdido em pensamentos; e as despedidas... nao podem imaginar como sao dolorosas, como sao aquelas que dedicamos aos amigos mais próximos. Fico imaginando se um dia poderei reencontrar essas pessoas que me ajudaram sem esperar nada em troca, e tenho também a certeza que ficam eles, que me vêem partindo caminhando para longe, imaginando o que teria acontecido com aquele jovem andarilho.
Desci entao do caminhao, assim como qualquer pessoa desce do carro de um amigo depois de uma noite de festa e caminha em direçao a sua casa; a minha é negra, normalmente pintada com faixas amarelas ou brancas e a cada dia que acordo vejo pela janela uma paisagem diferente. E como saindo mais um dia pra trabalhar, subi em um Uno de um policial que viajava com sua mae. Em mais uma efêmera amizade, iniciada a partir do gosto em comum pela música, me convidou para almoçar em sua casa, em Tala, ainda na província de Entre Ríos. Comi como se estivesse em minha casa e entao Carlos, como era chamado o policial me levou novamente para a estrada, onde em pouco minutos fui levado por um caminhoneiro e sua esposa alguns quilômetros a frente onde constatei sinais que meus próximos momentos nao seriam fáceis, gotas começaram a cair do céu.
Quando a chuva veio de verdade me abriguei em uma cabine da polícia caminera, equivalente a nossa rodoviária, que jazia desocupada a beira da Ruta 39. Mas a chuva nao durou e logo subi noutro Focus até Vitória, última cidade entre os ríos Paraná e Uruguay. Apenas uma estrada concessionada me separava da Província de Santa Fé, porém me separou por mais tempo e de maneira completamente inusitada.
Outro caminhoneiro, este Cordobês, com sotaque muito distinto do que havia encontrado até aqui me levou de Vitória até a praça de pedágio da rodovia citada acima e como chegamos já durante a noite, nao consegui carona em direçao a Rosario. Estava agasalhado o máximo que podia, mas mesmo assim o vento passava congelando até minha alma, e para ajudar, voltou a chover, e nao parou mais. Me abriguei em baixo da praça de pedágio, onde estava acontecendo uma manifestaçao: os trabalhadores, filiados a Sutracovi, estavam em greve. As cancelas estavam todas abertas, os trabalhadores batucavam tambores e os motoristas passavam buzinando e eu ali, com fome, frio e sono, mas nao por muito tempo.
Um dos trabalhadores reparou naquele curioso garoto que tremia incessantemente e foi com ele trocar dois dedos de prosa. A prosa rendeu e o trabalhador, chamado Alexis, convidou o garoto a se juntar aos outros trabalhadores, que comiam um churrasquinho de frango, assim acabando com a fome que ele sentia, que tomavam vinho e fernet ao lado de uma fogueira, acabando assim com o frio que o cortava, e mais tarde, depois de muita festa, música e conversa, arranjaram também ao garoto um local abrigado para passar a noite, desejando-lhe um bom sono. Assim o foi, e o garoto, um andejo vadio perdido numa estrada argentina, fez novamente novas amizades.
Acordei no outro dia, sabendo que aquilo tudo podia nao ter passado de um sonho delirante de um desamparado, porém, sempre consciente, sabia que nao o era, e sim sabia que a sorte, que ditados sempre dizem que acompanha os aventureiros, nao tinha me excluído da lista de beneficiados. No outro dia café da manha seguido por um delicioso churrasco e discursos impressionantes sobre política seguiram por toda manha e parte da tarde. Um banho foi o divisor de águas.
Enquanto os trabalhadores se reuniam em uma assembléia fui tomar um delicioso banho quente. Quando sai do banheiro tudo estava diferente: o sol, escondido por densas nuvens a alguns dias estava de volta, tornando dispensáveis as blusas que usava, tambores nao mais tocavam, faixas de protesto nao mais podiam ser vistas e as cancelas voltaram a trabalhar, o protesto havia terminado e com ele minha estadia no meu Hotel Pedágio Vitória-Rosário. Fui convidado a ir a outro hotel, já que uma nova paralisaçao teria início no dia seguinte em outra praça, porém o norte da minha bússola apontava em outra direçao, Córdoba, cidade que chegaria no dia seguinte, e que estou no momento. Porém as histórias dessa cidade e de Yoruba ficam para uma próxima postagem.
To be continued...
Abraços,
Andejo.
Garoto vc acabou de ganhar seu seguidor Nr 10, ahuahuahu...
ResponderExcluirAo som de Eddie Vedder e mto Jazz, suas histórias e aventuras me divertiram nesse domingo.
Garoto estou te espernado aqui em Cascavel, com uma safra incrivel de vinhos.
Ao Andejo Vadio, mta coragem e sorte em usas aventuras, e nunca se esqueça aproveite cada minuto, cada dia, como se fossem os último.
Vou divulgar seu Blog, para o tornar sem fronteiras como vc.
Ao Carlinhos bro, se cuida veiooooo e divirta-se mto.
Grande Abraço.
Vinícius
Hahaha!!!
ResponderExcluirGrande Garoto!! Qt tempo! Demorei pra associar o nome, a pessoa e a cidade!
Logo passo em Cascavel e seguramente nos falamos!!
Um grande abraço
Aaaa muleque quer dizer que vc está on!
ResponderExcluirEntão acabei de criar uma comunidade pra vc no orkut.
Pega ai.
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=101145983
ABrasss
Oi Mano!
ResponderExcluirSaudades! O Muller veio aqui e disse que vc estava on line... então entramos pra ver se tinha escrito mais ... ahhhhh! Decepção... heheheh!
Escreva logo... já se passaram 10 dias da ultima postagem. bjo grande amo-te!!!!