O Andejo Vadio: Israiloche
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"I always wonder why birds choose to stay in the same place when they can fly anywhere on the Earth. Then I ask myself the same question."
(Harun Yahya)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Israiloche


Enfim cheguei ao jardim de inverno brasileiro. Somente de inverno. No outono, San Carlos de Bariloche é um dos muitos pontos constantemente visitados por israelenses recém saídos das forças armadas israelenses. Assim como aconteceu em Rosário, na província de Santa Fé, em Bariloche encontrei dezenas de Judeus vindo de Israel.

Não sei se já comentei sobre isso por aqui, mas o serviço militar em Israel é, como no Brasil, obrigatório. A diferença é que além de ser um exército ativo, sempre atento aos confronto com palestinos e muçulmanos na faixa de gaza e com seus países vizinhos e inimigos,  todo jovem israelense serve ao país por ao menos 2 anos, se for mulher e 3 anos, caso seja homem, isso se não forem oficiais. Outra diferença é que são bem pagos por isso. Graças a isso, ao deixar o exército, é costume sair a viajar pelo mundo, e graças aos baixos preços, Ásia e América Latina são os lugares escolhidos para viagens que variam entre 4 e 18 meses.

Isso faz com que sejam maioria em quase todos os lados - no hostel que fiquei eram quase a metade dos hóspedes, enquanto que no quarto que fiquei, era o único que não pertencia à religião, que segue à Tora ao invés da Bíblia cristã. Interessante troca de culturas. Estive acompanhado de pessoas de uma religião distinta durante um feriado importante, ao qual não podiam comer pão, macarrão e coisas do tipo por 1 semana, em referência à fuga de seu povo do Egito, quando não tiveram tempo de deixar o pão crescer, e tiveram que deixar as terras de faraós sem o básico alimento.

Mayan, Gil, Yana, Einat e Maytal são exemplos da miscigenação desse antigo povo recém unido em um estado próprio. Meus novos amigos são de descendência americana, asiática e africana, unidos todos por algo que é uma mescla de cultura e religião, o Judaísmo. Com eles passei meus dias na linda cidade andina, onde toquei pela primeira vez pequenos e efêmeros flocos de neve, subi montanhas que eram nada mais que mirantes naturais, visitei museus interessantes e aproveitei, e muito, a noite argentina.

Construída às margens do Lago Nahuel Huapi, a fria cidade tem uma linda natureza, mas me decepcionei um pouco com a arquitetura da cidade que nada se parece as lindas cidades que havia passado nos últimos dias como Junin e San Martin de los Andes e Villa la Angostura. A cidade nada tem de elegante e suas belezas não são mérito das mãos humanas.

Uma dessas belezas, o Cerro Campanário, é o mirante que citei a pouco e aí estive duas vezes interessado na vista do entardecer, e mesmo perto do congelamento, na segunda vez aguentamos firme até quase o anoitecer, quando descemos a montanha pelas trilhas no meio do bosque. Também tomamos um delicioso submarino - leite quente com uma barra de chocolate - em um lindo café no cume da montanha. Definitivamente um lugar mágico que me inspirou a comprar os primeiros postais da viagem e que viria a escrever após um outro momento de inspiração que ainda não vem ao caso.

Como sempre, a companhia sempre é importante na apreciação de um momento, e esse grupo de amigos que me ensinou as primeiras palavras em hebraico, foi essencial tanto nas fotos no alto do morro quanto em toda minha estadia em Bariloche, e são em grande parte responsáveis por minha crescente vontade de visitar a Terra Santa. 

Conheço 3 tipos de pessoas durante minha viagem: as que com certeza voltarei a ver, as que com certeza não voltarei a ver e as que quem sabe voltarei a encontrar um dia, e apesar da vontade que tenho de que pertençam ao 3º grupo, tenho a impressão que pertencem ao segundo. São pessoas que quando se vão, deixam um pouco de si, assim como levam um pouco de ti, e se meus olhos podem não voltar a vê-las, de minhas lembranças não sairão jamais.

Fui indagado por uma amiga no messenger sobre quais eram minhas novidades e como resposta lhe escrevi: "Eu continuo com minhas histórias de caronas, aventuras, paisagens incríveis e paixões de 4 dias", e divertidamente isso não me cansa, por mais que sinta falta constantemente de minha família e de minhas amizades, de uma casa e de comodidade. É uma rotina sem repetição, cada carona tem sua história, cada aventura gera adrenalina, cada paisagem mostra o céu de uma maneira diferente e cada efêmera paixão tem a capacidade de te fazer sentir em casa por um curto período de tempo.

Por mais que minha estadia em San carlos de Bariloche tenha sido uma vida, esta teve um fim para o início de uma outra, que iniciou com 2 caronas até o mágico lugar chamado El Bolsón. Coberta sempre por uma névoa gerada pela diferença de temperatura no poço rodeado de altas montanhas onde está localizada a cidade, esse pequeno aglomerado de pessoas é conhecido pelo seu misticismo e ecletismo, e é sempre receptivo a incompreendidos de todos os lados.

Paraíso natural que serve de casa para uma infinidade de artesãos, tem em sua feira uma das principais atrações locais, entretanto, para os curitibanos atrevo-me até a dizer, a feirinha semanal do largo da ordem é igual ou superior, em tamanho e variedade. Entretanto digo, não somente aos mesmo curitibanos, como a todos aqueles que lhes pode interessar, que o espírito das florestas de El Bolsón é único, traiçoeiro e pacificador e o trekking de 3 dias e meio, e mais de 30 km merecem um espaço privado e especial em minhas lembranças, um capítulo em um futuro livro e indiscutivelmente uma postagem única e exclusiva.

Assim sendo me despeço avisando que já tenho o texto escrito, e que o disponibilizarei para leitura em poucos dias aqui mesmo no blog e lhes adianto que a postagem que seguirá será redigida por alguém que já haverá passado pelo fim do mundo. 

Enfim minha viagem está tomando proporções de uma grande aventura e deixando de ser uma "viagenzinha" de apenas 15 meses!

Um grande abraço a todos e até breve,

Andejo. 

2 comentários:

  1. Fala maluco !!!

    Muito bom o blog cara, já visitei algumas vezes mas resolvi reservar um tempo para te escrever.

    Quem diria que você já passou por todos esses lugares em cara. Da época em que conversávamos sobre isso, sempre acreditei que tu era capaz.

    Temos o mesmo sonho, porém percorremos caminhos distintos. Importante é não perder o foco e conseguir concretizar o objetivo.

    E estou perto de dar início a minha mais nova trajetória e tenha certeza que a motivação que possuo é também baseado na sua experiência de vida.

    Às vezes paro e fico pensando, se tivesse topado, o quanto não teríamos viajado mundo afora. Iria ser muito bacana se eu fosse teu parceiro aí de viagem cara, pois além de você continuar sendo meu melhor amigo, poderíamos usufruir da mesma experiência que só a vida pode nos proporcionar.

    Forte abraço e continue postando suas aventuras ... do Brasil ou aonde seja o lugar em que eu estiver, estarei de perto, acompanhando o seu percurso, irmão.

    Fábio Eiji

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  2. Filho estamos nos fortalecendo, lendo seu blog constantemente. Você é um dos nossos grandes orgulhos. T.A.M. Pai e Mãe

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